domingo, 4 de agosto de 2013

FOGO... E PELE.



Entra devagar no centro do fogo

guarda para dias mais trémulos e inseguros
as perguntas os medos a dor
que sobra sempre do desejo

entra como quem morre no centro do fogo

e bebe a cinza
que desenha os contornos da cama
onde os joelhos se despem do frio
que os prende à terra

entra como quem arde no centro do fogo

e deita na água do meu corpo
as sementes acesas no tempo
que por única herança
terás de mim
entra devagar no centro do fogo


Lavra-me..."

((Alice Vieira - 'Devagar no centro do fogo', in Dois Corpos Tombando na Água))

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