domingo, 4 de agosto de 2013

DE ARGILA, COMO EU...


"Durante o sono retiraram-me uma costela 
Ficou-me no peito um vazio que não consigo preencher 
Custa-me a respirar 
Eu quero de volta a minha costela 
quero de volta todas as costelas 
Quero de volta o paraíso 
quero de volta o silêncio rumorejante 
quero de volta as poluições noturnas 
e diurnas 
Quero uma mulher 
feita de chuva
e vento 
e fogo 
e neve 
e luz 
e breu 
e não de argila 
como eu."

(((Jorge de Sousa Braga - in 'O Novíssimo Testamento e outros poemas')))

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