quarta-feira, 22 de abril de 2015

FÊMEA-BRUXA NA FEIRA...


"PELO MERCADO ELA IA

ALMA DE CIGANA

MORENA BREJEIRA

ANCAS BALANÇANDO, 

SEIOS FARTOS, LEVEMENTE CAÍDOS,

A SAIA LONGA ROÇANDO A PELE,

DE TRASEIRO EMPINADO

SEU VENTRE, ELA SABIA: ERA SAGRADO

BARRIGA DE MULHER DE VERDADE

AS VEZES OLHARES FASCINADOS

UM PESCOÇO SE CURVANDO EM SUA DIREÇÃO

NEM LIGAVA...

RIA SOZINHA, INTÉ GARGALHAVA

UM DIZER AO PÉ DO OUVIDO AQUI

UMA CANTADA BARATA ALI...

ATÉ O VENDEDOR DA BARRACA DE FRUTAS

SABIA SIM QUE A SENSUALIDADE LHE EXALAVA PELOS POROS:

ERA MULHER, ORA BOLAS!

MOÇA TROPICANA

OLHAR DE MAR

RESSACA BRAVIA

MAR - DEUSA - ELA: UMA JANAÍNA

'MAR DE AMOR MENINA'

VERÃO, QUASE OUTONO

SOL QUENTE

SUOR ESCORRENDO ENTRE SEUS SEIOS

GOSTO SALGADO 

PASSEIO NOS COSTUMES DE SUA CIDADE PROVINCIANA

ELA ADORAVA IR AO MERCADO AOS SÁBADOS

IDADE TE DEIXANDO CADA VEZ MAIS MADURA

PRONTA PARA DO PÉ SER COLHIDA

FASE ESSA SUA DE EREMITA:

A MULHER QUE SE BASTAVA A SI MESMA!

BRUXA, PAGÃ, MISTERIOSA

SILENCIOSA...

DONZELA, MULHER, DEUSA

AS VEZES QUAL UMA VELHA 

PESO NOS OMBROS...!

MUITA HISTÓRIA VIVIDA

RELATIVIDADE DO TEMPO

MULTIDIMENSÃO DE SUA ALMA

VÁRIAS DELA MESMA DENTRO DE SI

'TODAS ELAS JUNTAS NUM SÓ SER'

E ENTAO MÃOS À LISTA,

OUVINDO ALCEU,

LHE LEMBRAVA QUE FALTAVA AINDA:

CASTANHA, QUEIJO COALHO, DOCE DE CAJU

MANGA, MANGABA, UMBU-CAJÁ,

FEIJÃO DE CORDA, ARROZ AGULHINHA,

PITOMBA NA BOCA, PROVANDO UMA JABUTICABA

SEUS LÁBIOS SUCULENTOS A PROVAREM UM DELICIOSO TAMARINDO

BEM AZEDO, SABOR CATIVO, TRAVAVA NA GOELA

LEMBRAVA A SUA ARISCA ALMA

CHEIRO DE ERVAS, TEMPERO

ALECRIM, ALÇAFRÃO, MANJERICÃO

NOZ MOSCADA, COMINHO, 

E UMA PITADA DE CORAÇÃO

SUA FACE SELVAGEM, MOÇA DO MATO

FEROZ SEXUALIDADE, PIMENTA DE CHEIRO...

NÃO PODIA ESQUECER-SE DO MEL...!

AH... CHEIROS AGRIDOCES...

MULHER DAS ERVAS, EMPONDERAMENTO

SOL A PINO, CALOR

ELA RINDO CONSIGO MESMA DA BELEZA DO SOSSEGO DA VIDA SIMPLES

AH... SABORES!

VONTADE DE TOMAR UM SUCO GELADO DE GRAVIOLA,

TALVEZ CAJU OU GOIABA,

MANGA... GENIPAPO, QUEM SABE...

SEU CABELO LONGO RESVALAVA NAS COSTAS

ELA SUADA, GOSTOSAMENTE CANSADA

ANDAVA... E IA SEM PRESSA

ESCOLHER AS FRUTAS, LEGUMES, VERDURAS

ALIMENTO, SAGRADO, AUTO ENCONTRO

SER FÊMEA NA FEIRA

E ASSIM CONHECENDO MAIS UMA FACETA DE SI MESMA

ELA: SEMPRE MUITAS

TODAS EM HARMONIA EM SUA ALMA MESTIÇA

QUAL AMALGÁMA PERFEITO DE TEMPEROS E SABORES

ALQUIMIA SAGRADA DO ESPÍRITO

MOÇA. MULHER. DEUSA. VELHA

EREMITA, BRUXA E COZINHEIRA

CURANDEIRA, FADA, TECELÃ

E O CORAÇÃO IMENSO DELA?

DIZIA O ALCEU NA MÚSICA

'- VOCÊ É MAIS QUE UM SONHO

 É MAR DE AMOR, MENINA...'

... OK!" 

((G.s.a. - La Fada Tecelã, Cigana, Eremita, Mulher das Ervas e Bruxa do bem, que vai à feira livre aos sábados, in 21/04/2015))

p.s. - Música incidental:
Lenine - Todas Elas juntas num só Ser

p.s. 2 - Esse poema foi feito ao som da música 'Mar de Amor Menina', do maravilhoso músico, poeta e cantor Alceu Valença.

(link no Youtube: https://youtu.be/00KIE3lulMY)




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