“Uma menina me pediu que lhe interpretasse um sonho:
Vira uma Pantera negra dentro de casa e estava com medo.
Pude escrever a história porque eu também vira a mesma Pantera e também tivera medo.
Todos, se prestarem atenção e houver bastante silêncio, pelas noites, ouvirão os seus rugidos discretos e sentirão um calafrio na espinha.
Ela mora em nosso Mundo Interior e frequenta as nossas Sombras.
É o nosso Lado Negro.
Os seus nomes são muitos, a um tempo fascinantes e amedrontadores.
Porque a Pantera Negra é bela e terrível...
Mas há também a Menina, Branca, Luminosa, diurna, sem sombras...
Mas há também a Menina, Branca, Luminosa, diurna, sem sombras...
A Pantera Negra, sem a Menina, é Selvagem e Mortal...
A Menina, sem a Pantera Negra, é Fraca e Ingênua.
É preciso que se tornem Amigas.
Reconciliação dos opostos:
o Branco e o Negro,
o Amor e a Força,
a Vida e a Morte,
Yin e Yang.”
(Rubem Alves, in 'A menina e a Pantera Negra')
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